De acordo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de endividados chegou a 71,4% de brasileiros. Veja detalhes da pesquisa
O último mês de julho registrou uma má notícia para a economia. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita todo mês pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou o recorde histórico de brasileiros endividados da série histórica, iniciada em julho de 2010: 71,4% da população. A alta foi de 1,7 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 4 pontos na comparação com julho de 2020, o maior incremento anual desde dezembro de 2019.
De acordo com a Peic, o aumento no número de endividados subiu nas duas faixas de renda pesquisadas (acima e abaixo de 10 salários-mínimos), porém o percentual entre as famílias que recebem até dez salários-mínimos chama mais a atenção: passou de 70,7%, em junho, para 72,6%, em julho – recorde da série histórica. No mesmo mês do ano passado, havia ficado em 69%.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a inflação elevada tem diminuído o poder de compra dos brasileiros e deteriorado os orçamentos domésticos. “A renda dos consumidores também está afetada pelas fragilidades do mercado de trabalho formal e informal, com o auxílio emergencial deste ano sendo pago com um valor menor”, afirma Tadros.
Uso do cartão bate recorde
A proporção de endividados no cartão de crédito também renovou a máxima histórica, chegando a 82,7% do total de famílias com dívidas. Este meio de pagamento é o mais difundido pelas facilidades de uso, mas é também o que oferece o maior custo ao usuário, sobretudo quando se torna crédito rotativo (empréstimo pessoal de curtíssimo prazo, em que parte do saldo devedor é rolada para o mês seguinte ao do vencimento).
Izis Ferreira, economista da CNC responsável pela pesquisa, ressalta que, embora o crédito possa funcionar como ferramenta de recomposição da renda e potencializar o consumo, com mais de 71% das famílias endividadas acende-se um alerta para o uso do crédito e o potencial de crescimento da inadimplência. “O aumento dos juros em curso no País encarece as dívidas, principalmente na modalidade mais buscada pelos endividados hoje, que é o cartão de crédito”, conclui a economista.
Tempo de atraso
O estudo da CNC aponta ainda o tempo com o pagamento em atraso. Os atrasos superiores a 90 dias representam a maior fatia do estudo, com 42,4%.
Entre os consumidores que recebem até 10 salários mínimos, esse percentual é ainda maior: 43,8%. Já no grupo que recebe mais de 10 salários mínimos, os atrasos acima de 90 dias é de 33,4%.
Reportagem de Ivan Ventura
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